O Turismo EcoRural existe?

Categoria: Educacional

O Turismo EcoRural é um dos pilares de sustentabilidade da Fazenda dos Cordeiros.

Turismo é um conceito plural com definições tão diversas quanto seus usos e contextos. No entanto, compreender o turismo enquanto um fenômeno socioeconômico ainda é um movimento relativamente recente e temos participado nos últimos anos de debates sobre o que é exatamente o Turismo EcoRural que tanto defendemos e quais os elementos que o compõem.

Esse movimento vem gerando inúmeros conceitos e, cada um deles destaca diferentes aspectos...pois ainda não existe uma definição consensual do que é Tutrismo....imaginem só o Turismo EcoRural...., conforme citação, a seguir:

  • O turismo representa um fenômeno contemporâneo complexo, associado a inúmeras dimensões econômicas, sociais, ambientais éticas, políticas e simbólicas. Fenômeno este que implica, por pressuposto para a sua interpretação, uma leitura teórica multidimensional e, por consequência interdisciplinar, mediada por uma perspectiva política crítica (IRVING, LIMA e MORAES, 2016).

Assim, pensamos qual seria o ponto de referência para orientar políticas públicas de turismo e trabalhar as informações do turismo em sua amplitude?

Alguns autores internacionais no debate, interpretam o turismo como fenômeno, entre eles, Kaspar (1976), Figuerola (1985), Burkart e Medlik (1981), Tribe (1997,2006), Mathieson e Wall (1982) ou Papadopoulos (1986).

Outro afirmam que “o turismo não é nem um fenômeno nem mesmo um simples setor industrial”. Isto porque o turismo abrangeria o comportamento humano, o uso de recursos e a interação com outras pessoas, outras economias e outros ambientes (BULL, 1995). Para complicar a vida dos estudiosos, aqui na Fazenda defendemos o Turismo EcoRural... essa discussão estar longe de terminar.

O Turismo EcoRural pode ser “a soma dos fenômenos e de relações que surgem das viagens e das estâncias dos não residentes, em ambientes rurais, desde que não estejam ligados a uma residência permanente nem a uma atividade remunerada”, conforme defendido por HUNZIKER & KRAPF, 1942

Dessa maneira, apesar de ser alvo de críticas por muitos estudiosos, entre eles Panosso Netto (2011), que defende o turismo enquanto fenômeno social e econômico, podemos acreditar que o fazer pensar é sempre bom pro conhecimento:

  • Nesse estudo, seus autores deixaram claro que o turismo é um fenômeno socioeconômico, e não apenas social ou apenas econômico. Pela literatura levantada, identificou-se que foram eles os primeiros autores a fazer essa observação. Também é evidente, no livro em questão, que, por ser um fenômeno, o turismo deve ser estudado pelas mais diferentes disciplinas científicas. Uma clara proposta de multidisciplinaridade nos estudos turísticos, e isso já em 1942 (PANOSSO NETTO, 2011).

Se existe uma tendencia em definir o Turismo enquanto um fenômeno socioeconômico complexo, procurando explorar todas as facetas que esse fenômeno pode englobar, imagina o Turismo EcoRural? Como compreende-lo e estudá-lo?

Amigos, estudiosos não formados em cursos de turismo acreditam que algumas definições propostas eram orientadas por múltiplas visões sobre o tema a partir do enfoque de inúmeras áreas do conhecimento.

Apenas em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) adotou uma definição para o turismo como sendo uma “viagem superior a 24 horas e até 1 ano por qualquer país que não aquele da sua residência habitual”.

Nesta definição, a noção de turismo é interpretada, a partir da dimensão do processo espacial, demonstrando clara importância concedida à superação das distâncias geográficas, em virtude do avanço dos transportes em todo o mundo.

Posteriormente, em 1963, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Turismo e as Viagens Internacionais, ocorrida em Roma, foram adotadas diversas recomendações sobre a definição dos termos “visitante” e “turista” para fins das estatísticas internacionais, segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT). E uma dessas recomendações incidiu, exatamente, sobre a definição de turismo até hoje difundida, nos seguintes termos:

Essa definição, na origem, contemplava somente o turismo internacional, restringindo qualquer possibilidade ou vínculo remunerado durante a viagem e mantendo a condição de permanência mínima de 24h (ou mais) para a viagem.

Em 1977, Jafari, definiu o turismo como “o estudo do homem longe do seu habitat, e da indústria que responde às suas necessidades, e dos impactos que ambos, ele e a indústria têm no meio de acolhimento sob o ponto de vista sociocultural, econômico e físico”. (JAFARI, 1977).

Em 1979, a British Tourism Society adaptou uma definição baseada nos estudos de Burkart e Medlik (1974) e propôs como balizamento, o turismo enquanto atividade relacionada aos “deslocamentos curtos e temporais das pessoas para destinos fora do lugar de residência e de trabalho e as atividades empreendidas durante a estadia nesses destinos”.

E assim, a noção de turismo passou a compreender também o turismo doméstico. Mathieson e Wall (1982), por sua vez, propuseram uma outra definição muito próxima:

É o movimento provisório das pessoas, por períodos inferiores a um ano, para destinos fora do lugar de residência e de trabalho, as atividades empreendidas durante a estadia e as facilidades que são criadas para satisfazer as necessidades dos turistas (MATHIESON AND WALL, 1982).

Aqui, destacou-se o caráter temporário da atividade turística com a expressão “período inferior a um ano”. Os autores também introduziram duas importantes inovações no debate: de um lado, a perspectiva da oferta quando mencionam as “facilidades criadas” e; de outro, o fundamento de que em toda a atividade turística deve satisfazer as necessidades dos turistas/clientes.

Mas no início da década de 1990, uma proposta conceitual do que deveria ser turismo merece atenção especial. Isto porque esta proposta trazia em seu escopo o entendimento social do turismo, quando menciona que o “o turismo é uma parte da recreação que envolve viajar para um destino ou comunidade menos familiar, por um período de curto prazo, a fim de satisfazer uma necessidade do consumidor por uma combinação de atividades” (GILBERT, 1990). Esta noção de turismo proposta por Gilbert tem vários méritos.

Isto porque o autor insere o turismo no contexto global e defende a necessidade de se viajar para fora do local de residência e de trabalho e traz também uma reflexão sobre a motivação da viagem.

No entanto, na tentativa de solucionar as dissonâncias terminológicas, os dirigentes da Organização Mundial do Turismo priorizaram, nesta cronologia, encontrar uma linguagem comum que pudesse facilitar a coleta de informações no setor turístico, em nível mundial.

Com isto, foi durante a década de 1990 que a OMT “empreendeu várias iniciativas no intuito de enfrentar e resolver esses problemas, que se alastravam pesadamente” (PAKMAN, 2014). Entre algumas destas iniciativas, a OMT organizou em 1991, no Canadá, a Conferência Internacional sobre Estatísticas de Viagens e Turismo. A Conferência de Ottawa, como também ficou conhecida, definiu o turismo como “as atividades realizadas pelas pessoas durante suas viagens a e estadias em lugares diferentes de seu entorno habitual, por um período de tempo consecutivo inferior a um ano, tendo em vista lazer, negócios ou outros motivos” (WTO, 1991).

Nesta cronologia, em 1994, a Organização Mundial do Turismo definiu o turismo como sendo o conjunto de “atividades que as pessoas realizam durante as suas viagens e permanência em lugares distintos do seu entorno habitual, por um período consecutivo de tempo inferior a um ano, com fins de lazer, negócios e outros” (WTO, 1994).

E, a partir de então, temas como a inclusão do turismo doméstico, bem como, a motivação da viagem, a duração, o limite de tempo e a localização passaram a fazer parte da noção de turismo. Mas do que isso, essa definição foi baseada em três dimensões que distinguem o turismo de outras formas de negócios e outros";

  • Destinação de um grande período para a viagem (até um ano), quando comparado ao tempo normal de vistos de viagem para o turismo (três meses);
  • Delimitação da atividade antes e durante o período de permanência;
  • Localização da atividade turística como a atividade "fora do seu ambiente habitual" (SANCHO, 2008).

Essa definição vem sendo utilizada, desde então pela OMT e também pelas principais instituições de turismo em todo o mundo. Mas, ao final da década de 1990, uma atualização foi adotada com relação aos motivos da viagem/estadia que não mais poderiam envolver as atividades remuneradas, conforme expresso a seguir:

  • O turismo compreende as atividades realizadas pelas pessoas durante suas viagens a e estadias em lugares diferentes de seu entorno habitual, por um período de tempo consecutivo inferior a um ano, tendo em vista lazer, negócios ou outros motivos não relacionados ao exercício de uma atividade remunerada no lugar visitado. (ONU/OMT, 1999).

Desde então, essa definição vem servindo como parâmetro para a nterpretação do turismo principalmente fundamentadas na motivação, na origem dos visitantes, nas possibilidades de acomodação e nas alternativas de transporte até os destinos a serem visitados.

Entretanto, mesmo reconhecendo a importância desta instituição e dessa definição para o setor, não se pode desconsiderar a sua leitura reducionista. Isto porque a referida definição não aborda a experiência turística e do próprio encontro entre turistas e moradores locais como essenciais ao processo, como defendido pela Fazenda dos Cordeiros com o Turismo EcoRural.

Na Fazenda dos Cordeiros compartilhamos do pensamento de Irving (2008; 2009) que defende esse “encontro entre identidades, no sentido de compartilhamento e aprendizagem mútua” ser “condição essencial” para que ocorra o turismo, tornando-se assim uma experiência que vai além do viés econômico.

A experiência do encontro quando se materialize, é importante que moradores locais e turistas atuem “simultaneamente como agentes, sujeitos e objetos no processo” (IRVING, 2009) ou ainda interpretando este encontro como uma “troca subjetiva entre ‘quem chega’ e ‘quem está’ no lugar turístico” (IRVING, 2009).

Por sua vez, Bauman menciona que o turismo “é uma busca consciente e sistemática da experiência da diferença e da novidade” (BAUMAN, 2007). E é esta diferença que desperta o intercâmbio entre turistas e moradores locais, proporcionando a experiência turística (URRY, 1990, 2007).

Esse encontro, aqui compreendido como a interação entre turistas e moradores locais, é descrito por alguns antropólogos, como Wainberg (2003), como um tipo de encontro intercultural5, embora sob diferentes gradações que pode até mesmo representar a motivação principal da viagem. Desta forma, uma viagem em busca do desconhecido e do diverso pode ter importância para o intercâmbio cultural (UNESCO, 1997) e para o fortalecimento de uma teia de “relações sociais entre um fluxo de sentidos, assim como de pessoas e mercadorias” por todo o mundo (HANNERZ, 1997, p. 238).

Ainda segundo Hannerz, o fenômeno turístico tem um alcance geográfico global capaz de ultrapassar fronteiras e possibilitar encontros interculturais, significativamente singulares. Isto porque a curiosidade e o desejo de fazer contato com o “outro” estão no coração do fenômeno turístico.

E neste sentido, Dencker (2004) afirma que “faz parte da condição humana interagir com o outro, trocar emoções, compartilhar sonhos, esperanças, tristezas, aflições, reconhecer e ser reconhecido pelo outro” .

Essa curiosidade inspirada na diferença, ao mesmo tempo em que pode despertar receio ou medo, pode também provocar o desejo em conhecer o “outro”, o estranho e “esta relação pode ser fecunda na medida em que o estranho revela outro mundo ou dimensões escondidas da realidade que não vemos” (BOFF, 2005).

E após passado o momento de estranheza, o autor menciona que o “outro” deixa de ser estranho, mas não de ser diferente, e “mesmo diferente, um membro da comunidade”. Com isso, Boff (2005) interpreta a hospitalidade como o ato de “acolher o estranho assim como se apresenta sem logo querer enquadrá-lo nos esquemas válidos para a nossa comunidade” (Ibidem).

E entre as diversas maneiras de entrar em contato com o diferente, “o outro”, Serrano (2001), afirma que as viagens possibilitam experiências reais de encontro, de descoberta do “outro”, proporcionando sentimentos que estão além do mundo real. Isto porque, segundo esta autora, todas as “formas de sociedade, compreendendo tribos e clãs, nações e nacionalidades, colônias e impérios, trabalham e retrabalham a viagem, seja como modo de descobrir o ‘outro’, seja como modo de descobrir o ‘eu’” (IANNI, 2000), conferindo também uma viagem espiritual em busca do autoconhecimento.

  • Uma outra autora, Vitule (2003), discorre também sobre este duplo significado das viagens. Para a referida autora, as viagens podem ser imaginadas como uma aventura: a aventura da descoberta do desconhecido, do diferente (...), pensar a viagem da perspectiva da diferença nos parece ser um caminho apropriado para tratar a questão da cultura. Viajar significa abrir-se para o mundo, conhecer novos lugares, pessoas e modos de vida (VITULE, 2003).

Por sua vez, segundo Santana (2009), uma viagem não implica necessariamente turismo, muito embora seja parte desse. Isto porque, o turismo seria Uma manifestação de sua época, de uma realidade socioeconômica e histórica em geral, e aproximar-se de sua cronologia obriga a identificar suas origens, mas não pelo vínculo imediato e direto com o deslocamento nem tampouco com a viagem para aproveitar o tempo de lazer. (...) O turismo, tal qual o entendemos hoje, origina-se pela curiosidade, pelos esnobismo, pela enfermidade e pela busca de climas diferentes (nem sempre melhores), mas consegue estabelecer-se quando alguns empreendedores começam a cobrar um serviço que não apenas facilita o deslocamento, mas também o ameniza com atividades específicas (SANTANA, 2009).

Assim, ao se viajar, muito além do simples deslocamento a um lugar distinto do cotidiano, é possível entrar em contato com outras culturas, passar a conhecer uma multiplicidade de ritos, manifestações culturais, gestuais, organizações sociais, entre outros elementos que compõem a própria diversidade cultural, conforme defende a autora:

  • A viagem põe o viajante em contato mais direto com a diversidade: outras geografias, outras populações, outros costumes. A viagem, no concreto e no imaginário, traz para o universo do viajante o inusitado, o estranho, o diferente. É necessário que se reconheça a diversidade para que se compreenda a sociedade (VITULE, 2003).

Nesse sentido, somente quando se percebe o “outro” e se vive a experiência da “diversidade cultural” será possível compreender o turismo enquanto uma “via possível de encontro na natureza e na diversidade” entre “protagonistas potenciais de um processo pulsante de transformação social e interculturalidade” (IRVING, LIMA e MORAES, 2016).

  • É importante aqui considerar também o significado das relações entre anfitriões e visitantes, como trocas ritualísticas segundo Mauss (2008a). Para ele, alguns grupos sociais desenvolvem um tipo de intercâmbio de prestações e de contraprestações, intituladas de “prestações totais”, caracterizadas pela “oferenda de presentes, voluntária, livre e gratuita e, simultaneamente, interessada e obrigatória” (SALLES; SALES, 2012).

Esses rituais consideram os laços sociais como uma premissa para o desenvolvimento socioeconômico e para uma sociedade mais comprometida com o “outro”, onde anfitrião e visitante são protagonistas do encontro. Mauss (2008a, 2008b, 2003), por meio da Teoria da Dádiva, defende que o mais importante é que a vida social se constitua por um constante dar-e-receber, o que originaria o sentido de dádiva, segundo o autor. Assim, o objetivo da dádiva seria “produzir um sentimento de amizade entre as duas pessoas envolvidas” (MAUSS, 2003).

E para que ocorra a dádiva, é preciso que exista a incerteza, porque o ato de dar e receber não se baseia na igualdade ou equivalência, pois a retribuição não é o objetivo, nesta relação.

Assim, por esta via de análise, no âmbito do turismo, quando se estabelece uma relação entre anfitrião e visitante ocorre uma real possibilidade de encontro, ou seja, o visitante pode vir a se tornar, em algum momento futuro, um anfitrião potencial. Isto pode ocorrer porque:

  • "dar e receber" implica não só uma troca material mas também uma troca espiritual, uma comunicação entre almas. É nesse sentido que a Antropologia de Mauss é uma sociologia do símbolo, da comunicação; é ainda nesse sentido ontológico que toda troca pressupõe, em maior ou menor grau, certa alienabilidade. Ao dar, dou sempre algo de mim mesmo. Ao aceitar, o recebedor aceita algo do doador. Ele deixa, ainda que momentaneamente, de ser um outro; a dádiva aproxima-os, torna-os semelhantes. A etnografia da troca dá ainda um novo sentido às etiquetas sociais. Por mais que estas variem, elas sempre reiteram que, para dar algo adequadamente, devo colocar-me um pouco no lugar do outro (por exemplo, de meu hóspede), entender, em maior ou menor grau, como este, recebendo algo de mim, recebe a mim mesmo (como seu anfitrião), (LANNA, 2000).

Além do mais, ainda segundo Mauss, misturam-se as almas nas coisas, misturam-se as coisas nas almas. Misturam-se as vidas, e, assim, as pessoas e as coisas misturadas saem cada qual de sua esfera e se misturam, precisamente, o contrato e a troca (MAUSS, 2003).

Importante destacar também, ao se analisar a relação entre turistas e moradores locais, que estes papéis não são fixos, o que pode resultar em novas relações complexas e interpretações variadas, conforme explica Santana (2009):

  • Um ator que hoje interpreta seu papel no cenário do turismo como local, indígena ou residente, em um futuro próximo poderá atuar como trabalhador da mesma área turística ou outra e, a acumulação de capital, vir a ser posteriormente turista ou cliente potencial do sistema. Ou, ainda mais simples, coloca-se a possibilidade de um residente que consome em seu território os produtos implementados para o turista (SANTANA, 2009, p. 59).

Trazendo a discussão para o campo do turismo, Tomillo Noguero (2010, 2013) menciona que as trocas, em se pensando a hospitalidade, seriam também uma condição essencial para o desenvolvimento de uma iniciativa de turismo local, em bases sustentáveis. 

No entanto, é importante considerar que o turismo é também causa de conflitos culturais, em função do encontro com o “exótico”, o nativo que vive em um lugar ainda distante e diferente. E para Gessner e Schade (1990), de forma distinta ao discurso do turismo enquanto um “veículo para a paz mundial” (UNESCO, 1997), este encontro intercultural pode também intensificar uma “situação já complexa e exacerbada por ambiguidades, falta de atenção e ou desentendimento dos standards de comportamento cultural, de língua ou de dimensão relacional como privacidade e status” .

Bauman (2001) menciona ainda, em alguns casos, a impossibilidade do encontro ao mencionar que, apenas o ato de ver, ouvir e falar com o outro não pode ser caracterizado como um verdadeiro encontro, mas uma relação mercantil entre cliente (turista) e contratado (morador local), conforme enfatizam Pimentel et al (2007). O autor conclui seu pensamento ao afirmar que, enquanto não houver um sentido de dádiva, não será possível acontecer o encontro.

E, Krippendorf (2009) chegou até mesmo a afirmar que “as relações entre turistas e os autóctones são de tal porte que as oportunidades de se estabelecer contatos humanos verdadeiros são mais fracas do que nunca” (KRIPPENDORF, 2009, p. 83). Mas não se pode negligenciar que, segundo Irving (2009) esses atores locais

se encontram frequentemente marginalizadas em sua própria estória, embora ávidas por melhorias de qualidade de vida. Para elas, a possibilidade do real do encontro tende a parecer uma abstração em um primeiro momento. Mas é nesta potencialidade do real encontro que se materializa a relação local-global e que se estabelece uma nova dinâmica de resgate de identidades e inovação. 

Assim, o encontro é também processo, descoberta, crítica e reinvenção de uma nova realidade (IRVING, 2009, p. 118-119).

Neste caso, segundo Van Der Bergue (1984, 1994), o desencontro pode se originar, entre outros motivos, pela diferença entre a “vida extraordinária do turista com a vida normal e cotidiana do anfitrião”. Ainda de acordo com este autor, não há um “impacto zero” no turismo.

E, mesmo se considerando os impactos socioeconômicos, culturais e/ou ambiental, o “turismo não é tão ruim quanto muitas pessoas imaginam, mas é muito mais interessante e complexo do que julgamentos simples e categóricos podem capturar” (VAN DER BERGUE, 1994).

A partir dessa breve discussão, é possível perceber que as noções de turismo podem ser construídas de acordo com diferentes perspectivas e disciplinas. E, sendo assim, é possível afirmar que não parece haver uma definição universal sobre o que é o turismo (e nem se almeja chegar a uma única visão sobre tal fenômeno).

Entretanto, após a interpretação de algumas noções que norteiam o significado do turismo, principalmente na perspectiva contemporânea, parece evidente que o Turismo EcoRural praticado na Fazenda dos Cordeiros vem sendo configurado pelo comportamento que media a vida dos indivíduos em sociedade e é por esses transformado.

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