Pluriatividade no campo

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Na Fazenda dos Cordeiros temos quatro pilares de sustentabilidade e a prestação de serviços tem cada vez mais ocupado um lugar de destaque na dinâmica do espaço geográfico, o que vem tornando cada vez mais complexa e mutável a pluriatividade do campo.

Sabemos que a ocupações da população residente em áreas rurais, população que, em busca de melhores condições de sobrevivência, desloca-se às cidades e às zonas industriais para trabalhar em atividades não necessariamente agrícolas.

Por outro lado, é crescente o interesse da população urbana por áreas rurais, seja para residência, para lazer, para descanso, ou mesmo para algo que para muitos se tornou exótico; animais, plantações, rios e matas, dentre outros.

A partir desse interesse, além da tradicional produção agropecuária e artesanais do meio rural, paisagens, a biodiversidade, manifestações culturais e o modo de vida rural, passou a fazer parte dos produtos turísticos EcoRurais apresentado pela Fazenda dos Cordeiros como aspectos que geram emprego e renda para as famílias da comunidade local.

O crescimento das atividades não agrícolas no meio rural, e das ocupações da população rural em atividades não agrícolas, seja na cidade ou no campo, vem modificando diversas unidades de produção e vida familiares e, consequentemente, a dinâmica do espaço rural, através de novas atividades produtivas e econômicas, relações de trabalho e sociais, e da circulação de pessoas e mercadorias em áreas consideradas rurais.

Esse fenômeno, denominado pluriatividade, vem ganhando relevância em pesquisas sobre o rural brasileiro.

A pluriatividade está diretamente relacionada com agricultura familiar, pois o fundamento da pluriatividade reside, primeiramente, na existência de uma ou mais atividades agrícolas desenvolvidas na propriedade, combinada com uma ou mais atividades não agrícolas, desenvolvidas dentro ou fora da propriedade.

Segundo os estudiosos e especialistas em desenvolvimento sustentável; atividades não agrícolas estão vinculadas à indústria, ao comércio ou a serviços, e são realizadas tanto em áreas consideradas rurais, como também nas urbanas.

As dificuldades de sobrevivência exclusivamente na agricultura, em contraste com a maior distribuição espacial de indústrias e outros setores produtivos para além das cidades, intensificaram o deslocamento e a diversificação das atividades produtivas desempenhadas pelos membros de famílias de agricultores.

Esse contexto do rural contemporâneo vem diversificando ocupações e rendas da população rural, levando a implicações socioeconômicas e mudanças espaciais, manifestadas, sobretudo, nas comunidades rurais de pequenos municípios.

A Fazenda dos Cordeiros acompanha de perto essa discussão acadêmica e compactua com a visão de Fuller (Schneider, 2003), nos três fatores contribuíram para a afirmação da noção de pluriatividade na década de 1980, sendo eles:

  • o uso da noção de part-time farming dificultava a separação do trabalho do chefe da propriedade da função produtiva da propriedade;
  • estudos da Comunidade Econômica Europeia sobre unidades familiares rurais que combinavam agricultura com outras atividades contribuíram para que a pluriatividade se transformasse em objeto de pesquisas acadêmicas; 
  • os debates iniciados em 1980 na Europa, em torno da reforma da Política Agrícola Comum - PAC, levaram em consideração a crescente importância das atividades não agrícolas no espaço rural e, consequentemente, das pesquisas e reflexões em torno da pluriatividade.

Desta forma, o termo pluriatividade passa a ser aceito pela comunidade científica e por setores políticos vinculados ao desenvolvimento rural a partir da década de 1980.

Fuller também adere ao uso da pluriatividade, considerando esta como a associação da agricultura à atividades como:

  • emprego em outras explorações;
  • atividades para-agrícolas como o processamento de alimentos;
  • outras atividades executadas na própria exploração de alojamento de turistas, fabricação de móveis, etc.;
  • atividades extra-agrícolas, incluindo trabalho externo (ANJOS, 2003).

Entende-se, portanto, que, para ser considerada pluriativa, uma unidade de exploração familiar deve ter algum membro da família envolvido em atividades não agrícolas, e, ao mesmo tempo, manter o trabalho agrícola.

Para Schneider (2003), os estudos específicos sobre a pluriatividade das famílias rurais e do crescimento das atividades não agrícolas no espaço rural parecem estar descortinando dimensões sociais, econômicas e culturais que ganham proeminência na estrutura agrária brasileira. Não obstante, são necessários maiores avanços teóricos e conceituais em relação ao tema, avanços que, por sua vez, dependem da intensificação de estudos empíricos sobre as atividades não agrícolas no meio rural.

Na Fazenda dos Cordeiros pensamos sempre nas características da pluriatividade, e uma que não se apresenta como pluriatividade:

  • Diversificação agrícola interna à propriedade - diversificação das atividades agrícolas e/ou pecuárias dentro da unidade de produção e vida familiar. Além da produção de alimentos, o cultivo de flores, animais exóticos, mudas de plantas, ervas medicinais, entre outros, permite o acesso a novas fontes de renda, reduzindo a dependência do agricultor a uma única atividade. Esse caso não constituiria pluriatividade, pois não envolve atividades não agrícolas.
  • Pluriatividade decorrente de atividades para-agrícolas na UPVF – além das atividades agropecuárias, há processamento de alimentos (doces, sucos, vinhos, embutidos, etc.) e/ou produção de artesanato com subprodutos agropecuários.
  • Pluriatividade agrícola e não agrícola interna à UPVF - combinação de atividades agrícolas e/ou pecuárias, e de atividades não agrícolas dentro da propriedade rural do agricultor. O atendimento e comercialização de produtos agropecuários, assim como o lazer e o turismo nas propriedades rurais seriam exemplos.
  • Pluriatividade agrícola interna e externa à UPVF - desenvolvimento de atividades agrícolas e/ou pecuárias dentro da propriedade rural em tempo parcial, combinada com o trabalho assalariado, relacionado também à atividades agropecuárias em outros estabelecimentos rurais.
  • Pluriatividade agrícola e não agrícola interna e externa à propriedade desenvolvimento de atividades agrícolas e/ou pecuárias dentro da propriedade rural em tempo parcial, combinada com o trabalho assalariado fora da propriedade e em outros setores da economia, como indústria, comércio e serviços, que podem ser realizados tanto no meio rural como nas cidades.

Existe um amplo debate sobre os possíveis aspectos positivos e negativos da inserção dos agricultores familiares brasileiros na pluriatividade, polarizado basicamente por aqueles que acreditam que esse fenômeno possa contribuir para a dinamização social e econômica das famílias que vivem e trabalham no campo; e aqueles que entendem a noção de pluriatividade como mais um mecanismo de subordinação dos agricultores familiares ao capital. Tal subordinação ocorreria através da ampliação das relações capitalistas, incorporação de tecnologias modernas e caras, integração com agroindústrias, e do assalariamento via trabalho em indústrias, comércio e serviços.

A Fazenda dos Cordeiros acredita que a pluriatividade do campo contribui para a redução das desigualdades sociais, mas deve ser complementada por políticas de desenvolvimento rural que possam beneficiar a agricultura familiar, tanto com o fortalecimento da agricultura como na adoção de atividades não agrícolas.

Apesar das imposições e interesses dos mercados por novos usos do meio rural, pressão para profissionalização e capacitação técnica dos agricultores familiares, inserção da industrialização, entre outros fatores, a Fazenda dos Cordeiros alerta para necessidade de adaptação à lógica capitalista por parte dos agricultores familiares, para garantir a sobrevivência de suas famílias.

O desenvolvimento sustentável apoiado nas atividades não agrícolas do meio rural não podem ser influenciadas pelas oportunidades de ocupação decorrentes dos interesses dos mercados consumidores, seja por alimentos, paisagens, aspectos histórico-culturais, gastronomia, lazer, turismo, artesanato, etc.

Cabe à família agricultora a decisão de aceitar e incorporar ou não tais oportunidades em suas estratégias de sobrevivência.

O Estado pode estimular o desenvolvimento de outras atividades econômicas, como o turismo e o artesanato, que conduzirá à revalorização do espaço rural, especialmente em razão do rápido crescimento do movimento ambientalista e dos processos de descentralização industrial, que tendem a ampliar o mercado de trabalho e a pluriatividade pelas famílias rurais.

A pluriatividade é algo positivo para a agricultura familiar frente às novas dinâmicas do espaço rural. A pluriatividade acomoda a mudança, de se adaptar à realidade da agricultura, minimizando riscos, maximizando oportunidades, construindo uma família e permanecendo na terra.

Para Fazenda dos Cordeiros a adoção da pluriatividade por parte dos pequenos produtores rurais de Silva Jardim depende das estratégias e dos anseios de cada um. A formatação do Circuito EcoRural de Silva Jardim, pode contemplar e organizar as diversas atividades pluriativas atualmente desenvolvidas na cidade.

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